sábado, julho 07, 2007

HOMENAGEM MERECIDA!!!

ESSA GRANDE DERCY GONÇALVES
Artur da Távola

Vou lhes contar algumas coisas. Anteontem pouco antes das 19 horas, eu que não sou muito de
sair (salvo para o trabalho), cheguei um pouco antes do começo da exposição homenagem a Dercy Gonçalves comemoração dos seus cem anos, Na Casa de Cultura Laura Alvim .
Por gentileza da Diretora, Eliana Caruso, levaram-me a uma saleta onde estavam a homenageada, uma sobrinha, a própria Eliana e mais duas pessoas.
Dercy, carinhosa comigo, logo ficou de mãos dadas por alguns minutos.
Estava nos trinques com um vestido vermelho, cheio de vida como é.
Pouco depois serviram uns salgadinhos antecipatórios dos que seriam distribuídos depois, durante a homenagem propriamente dita.
Uma delícia. Contive-me.
A travessa na qual vieram esses mimos estava enfeitada com três pimentas, aquelas do tamanho de um dedo mindinho.
Dercy serviu-se com parcimônia mas sapecou uma daquelas pimentas do enfeite e comeu-a cruinha junto com um dos acepipes.
Pimenta de fazer baiano chorar de tão forte.
Ela não vacilou. E foi logo dizendo:
"adoro pimenta". Eu a pensar: "puxa vida, tem que ser muito mulher para, aos cem anos, mastigar feliz, ao vivo e a cores uma enorme pimenta vermelha e ainda dizer:
"Adoro pimenta".
E se não me engano ainda comeu metade da segunda, uma verde.
Chegou a hora de ir para o local da exposição e a Eliana teve a feliz idéia de no caminho, convidá-la a entrar numa sala onde ensaiavam alunos e alunas de teatro, todos e todas muito jovens.
Seguem-se alguns minutos mágicos, um filme de Fellini.
Dercy foi logo entrando na roda deles, sentia-se no ambiente de toda uma vida, com jovens almas irmãs.
Brincou com vários e várias alunas; soltou seus doces palavrões, mandava-os falar mais alto ("Artista tem que falar alto e neca de timidez").
Pediu para representarem cenas improvisadas. Ensinou alguns segredos. Era uma cena deslumbrante: aquela mulher de cem anos, irisada de felicidade, a partilhar com a meninada que ao final a aplaudiu com um carinho lindo pela súbita visita.
O mais foi uma enorme cama (alguém já viu exposição com cama?...)
Com colcha vermelha como o vestido dela, na qual se atirou, puxou a Marília Pera, a Ângela Leal e algumas pessoas.
Aí deram-lhe um microfone e ela falou verdades só possíveis a quem tem cem anos, distribuiu selinhos a granel, cantou o "Carinhoso", com a letra exata da música mas a fazer uma paródia sensual da mesma.
Sen-sa-ci-o-nal !
Em volta todos estupefactos com aquela lição de vida e alegria a deixar os presentes boquiabertos com aquela vitalidade...
Grande Dercy !
Já escrevi tantas vezes sobre você que hoje me basto com contar o que vi, com lágrimas de emoção e admiração nos olhos.

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